O Exército não permitiu que a polícia prendesse golpistas que estavam em frente ao quartel-general após a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes no dia 8, em Brasília, segundo o jornal The Washington Post.
Reportagem publicada neste domingo (15) afirma que os próprios militares posicionaram tanques e três linhas de soldados no local. “Você não vai prender pessoas aqui”, disse o comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, ao ministro da Justiça Flávio Dino, de acordo com relato de duas pessoas que estavam presentes.
Na avaliação de autoridades do governo ouvidas pelo jornal norte-americano, isso permitiu que golpistas fossem alertados e escapassem — o acampamento em frente ao QG foi desmontado na manhã seguinte aos ataques, na segunda-feira (9).
A versão coincide com o que Ibaneis Rocha (MDB), governador afastado do Distrito Federal, disse em depoimento à Polícia Federal na sexta-feira (13). Ele afirmou que “autoridades militares” impediram o desmonte do acampamento bolsonarista.
Há uma semana, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inconformados com o resultado da eleição invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF (Supremo Tribunal Federal).
A Corte determinou a prisão em flagrante de todos os manifestantes na Praça dos Três Poderes e no acampamento em frente ao QG do Exército. Mais de 1.300 pessoas continuam presas. A PF ainda estuda celulares e material genético deixados na cena do crime para identificar e colher provas contra os invasores.
A equipe do jornal norte-americana conversou também com pessoas que receberam mensagens pelo Whatsapp e pelo Telegram sobre os atos golpistas. Eles afirmam que havia comentários e até orientação sobre a invasão prédios públicos.
Em nota hoje o Exército disse que houve uma reunião com os ministros José Múcio (Defesa), Flávio Dino e Rui Costa (Casa Civil) e o comandante do Exército no Comando Militar do Planalto, após os ataques.
“A finalidade da reunião foi a analisar a situação e coordenar as ações subsequentes em relação aos manifestantes acampados no SMU [Setor Militar Urbano]”, diz o comunicado, sem detalhar o que foi discutido. “Ao final da reunião todos os presentes concordaram com as ações a serem adotadas”.
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