segunda-feira, 21 de setembro de 2020

DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA É CONTO DO VIGÁRIO EM ESCALA PLANETÁRIA


O agronegócio brasileiro, exatamente ao contrário do que diz a propaganda de guerra em prol da salvação da humanidade, não tem nada a ver com a degradação da floresta
Os grandes concorrentes mundiais do Brasil na produção e no comércio de produtos agrícolas, todos big business de primeiríssimo mundo — a gente mais capitalista, trilionária e praticante da desigualdade social, racial ou de qualquer tipo que se possa imaginar —, estão com um problema sem solução no terreno das disputas honestas. O Brasil vai ter em 2020, mais uma vez, uma safra recorde de grãos: cerca de 255 milhões de toneladas. Mas a área plantada para colher essa produção toda praticamente não cresceu, como vem acontecendo há anos — em 1975, quase meio século atrás, era de 40 milhões de hectares, para uma produção que não chegava nem aos 40 milhões de toneladas; hoje, está por volta de 65 milhões de hectares, ou pouco acima de 50%, para uma produção que é mais de seis vezes maior. Não é preciso ser nenhum gênio em cálculo integral para perceber o seguinte: o agronegócio brasileiro não depende de mais terras para crescer. Produz cada vez mais no mesmo espaço.

Como impedir um concorrente como o Brasil de continuar batendo recordes de produção a cada ano, de arrecadar bilhões e de ganhar mercados, se a extensão física da terra aproveitável não é um limite para os agropecuaristas brasileiros? E onde pode ir parar essa história, quando se considera que há no Brasil 500 milhões de hectares, ou 60% de todo o território nacional, que não estão ocupados até hoje por nenhum tipo de estabelecimento rural? Há países que não podem mais crescer, por maiores que sejam os seus índices de produtividade, pela pura e simples falta de espaço. Tudo o que dá para ser aproveitado já foi, sem contar com fatores como escassez de água, topografia desfavorável, solo de qualidade limitada e tantas outras variáveis que bloqueiam a expansão, mas por aqui não são problema. A resposta às perguntas feitas acima é simples. Não há como parar o crescimento do campo no Brasil. Ou melhor: não dá para deter o agro brasileiro se quiserem fazer uma disputa de cavalheiros. Mas há um mundo de coisas a fazer para quem está interessado em cuidar de si, e não em concorrência honesta. Danem-se a moral, a ciência e os fatos — nesse caso, a única coisa que realmente interessa é que a agricultura e a pecuária brasileiras, mais a possante indústria que se está construindo em volta delas, parem de avançar. Ou, melhor ainda, que andem para trás.

A receita clássica para negar essas realidades é atribuir tudo à “imaginação” nacionalisteira, ao complexo de inferioridade que faz germinar teorias de conspiração ou à propaganda do agronegócio e da “bancada do boi”. Os fatos mostram que há outros pontos de vista a ser considerados. Pouco antes de 1970, ou seja, não na Guerra do Paraguai, mas já em plena vida de milhões de brasileiros que estão aí no dia de hoje, a imprensa brasileira falava, alarmada, no perigo próximo e real da “escassez alimentar”. Essa desgraça iria paralisar a “industrialização do país”, pela “falta de divisas”, não haveria dólares para importação de equipamento industrial, nem de um único barril de óleo diesel, pois nossos recursos em moeda forte estariam sendo desperdiçados na compra de alimentos no exterior. Havia coisa pior: até alguns anos antes, menos de 2% de todas as propriedades agrícolas brasileiras tinham algum tipo de trator, ou qualquer objeto mecanizado. Hoje é a indústria que precisa do campo para sobreviver. O Brasil produz por ano alimentos para mais de 1 bilhão de pessoas, ou cinco vezes a própria população. Tornou-se o maior produtor de comida do mundo, ou um dos dois ou três maiores, segundo os diferentes critérios utilizados para fazer essa contabilidade. É hoje o maior exportador mundial de soja, carne, frango, açúcar, café. A produtividade está entre as maiores do mundo. Colhem-se três safras por ano. O agro brasileiro, em suma, não era nada. Hoje é uma potência. Na verdade, é o único setor — mas o único, mesmo — em que a economia do Brasil, a oitava maior do mundo em volume, é realmente competitiva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

COMUNIDADE CAXIENSE SE UNE EM GESTO DE APOIO AOS NECESSITADOS DO RS, EM MEIO A CRISE.

Em meio aos desafios enfrentados pelo Rio Grande do Sul, uma onda de solidariedade está se formando em Caxias. Produtores rurais ...