Em 1970, a Jordânia -- um país situado do sudoeste da Ásia, na margem do rio Jordão, território três vezes menor do que o Maranhão e população quase a mesma do nosso estado -- massacrou inúmeros militantes palestinos e expulsou outros.
Eram militantes que formavam uma espécie de poder paralelo no país jordaniano. O rei Hussein não tolerou. E o massacre ficou conhecido mundialmente como “Setembro Negro”.
Trinta e um anos depois, a expressão foi relembrada nos jornais, para denominar ou resumir o que o terror pode fazer a uma nação.
O inimaginado, mas não inesperado nem, muito menos, impossível já havia acontecido em outros tempos e ambientes: os milhões e milhões de seres humanos mortos por alemães em campos de concentração... os mais de 200 mil japoneses mortos pelas bombas jogadas por americanos... Em 11 de setembro de 2001, há 22 anos, os Estados Unidos, em tempos de não guerra declarada, foram o alvo do ataque mais impensado, jamais imaginado, que a insanidade humana poderia desferir contra pessoas -- sobretudo pessoas – , contra coisas e contra o orgulho de um País.
Não um país qualquer, mas o mais rico, o mais influente, o mais tecnológico, o mais militarizado, o mais poderoso país da Terra.
Os americanos nunca esqueceram Pearl Harbor.
Nunca deixaram de chorar John Kennedy.
Nunca se curaram do Vietnã, o país que na guerra trucidou milhares de jovens soldados do país tido como "xerife do mundo".
Os americanos nunca tiraram o engasgo provocado por seu ex-soldado e veterano da Guerra do Golfo Timothy McVeigh, que, com uma bomba de 2.300 kg, explodiu 19 crianças na creche do prédio, no segundo andar e outros 149 conterrâneos seus, além de ferir mais 684 em Oklahoma City, manhã do dia 19 de abril de 1995. Metade do edifício federal Alfred P. Murrah foi ao chão e virou pó. Pó, poeira e cinzas.
11 de setembro de 2001. Também em uma manhã de céu límpido em Nova York, o café nem bem havia sido servido ou sorvido quando um estrondo fenomenal anunciou, mais de cem andares acima: um avião se chocava com uma das duas torres do complexo comercial mais famoso do mundo.
Poucos minutos depois, as lentes das televisões que transmitiam ao vivo o cenário de fogo, fumaça e desespero captaram, impotentes, uma segunda tragédia; outro avião se espatifou atirando-se contra a segunda torre. E não terminava aí.
Em Washington, o aparentemente superprotegido edifício de cinco lados, e por isso mesmo chamado Pentágono, sede da inteligência militar americana, recebeu em suas entranhas mais um avião, que explodiu junto com passageiros, tripulantes.
Na Pensilvânia, um quarto avião se destroça no chão, sem tirar vidas em terra, mas nela sepultando os corpos carbonizados pelo fogo e liberando os espíritos congelados pelo que deve ter sido o horror dos passageiros e tripulantes dentro dos aviões que se despedaçaram.
O mundo continua perplexo. Embora a corrupção (que mata o já miserável, tirando-lhe o alimento), embora o político bandido (que mata com suas políticas), embora o bandido político (que mata em nome de suas coisas e causas), embora a banalização dessas infelicidades, embora a vulgarização do que não presta, o ser humano parece que não deixa de ter motivos para continuar se surpreendendo com o que pode de ruim fazer outro ser humano.
O homem continua sendo o lobo do homem.
EDMILSON SANCHES.
edmilsonsanches@uol.com.br
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