quarta-feira, 2 de julho de 2025

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA DETERMINA RECOLHIMENTO DE RAÇÃO APÓS MORTE DE MAIS DE 600 CAVALOS NO PAÍS

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) determinou o recolhimento, em todo o território nacional, de todos os produtos destinados a equídeos fabricados pela empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda., com data de fabricação a partir de 21 de novembro de 2024. A medida é válida desde o último dia 17 de junho e foi tomada após a morte de cavalos em diversos locais do país.

A empresa está sob investigação, e a comercialização dos produtos foi suspensa por risco à saúde animal.

Desde o início da apuração do Ministério, em 26 de maio, foram registradas 122 mortes de equinos em diferentes municípios dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Alagoas, com relatos adicionais de 36 óbitos ainda não investigados. Em 100% dos casos analisados até o momento, os tutores informaram que os animais consumiram rações fabricadas pelo mesmo estabelecimento.

De acordo com reportagem do g1, os primeiros casos de intoxicação surgiram em 21 de abril, no Rio de Janeiro, e a primeira morte foi registrada no dia 23 do mesmo mês em São Paulo. Os cavalos estavam aparentemente saudáveis e sem alterações clínicas evidentes. Mas começaram, subitamente, a apresentar sinais neurológicos agudos que evoluíram para a morte em poucos dias.

Um levantamento obtido pelo portal contabilizou 645 mortes de animais em ao menos seis estados brasileiros. São eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Alagoas. A Bahia é um dos estados com mais registros (40), atrás de São Paulo (286), Rio de Janeiro (113), Goiás (74), Minas Gerais (67) e Alagoas (64).

O caso mais recente é em Guarulhos, na Grande São Paulo, onde nove cavalos criados na chácara Dia de Sol, na zona rural da cidade, morreram nos últimos dois meses após consumir rações da empresa. Duas mortes ocorreram nessa terça-feira (1º), segundo o comerciante e criador Marcos Barbosa.

"Um cavalo passou a noite rodando em círculos numa baia e uma égua estava querendo morder a parede. Com todos os animais foi assim, é como se fosse uma demência", disse ele ao g1. À TV Globo ele ainda lembrou que uma das filhas, que montava e competia em um dos animais atingidos, sequer tem ido ao haras.

A Nutratta, com sede em Itumbiara (GO), informou em nota que lamenta profundamente as mortes e que está colaborando com o Mapa na elucidação dos fatos. De acordo com a empresa, "análises laboratoriais preliminares indicaram a presença da substância monocrotalina, que é produzida pela própria natureza, por plantas do gênero Crotalaria - uma leguminosa que é muito utilizada em adubação verde -, e que pode estar presente em matérias-primas de origem vegetal utilizadas em diferentes cadeias agroindustriais, tratando-se, pois, de uma fatalidade".

Leia a nota da empresa na íntegra:

A Nutratta lamenta profundamente os relatos de intoxicação e óbitos de animais associados ao Produto Foragge Horse, da linha de nutrição animal equina, e reforça que está colaborando integralmente com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para elucidar os fatos, inclusive recebendo os técnicos do Mapa em sua planta, fornecendo todos os documentos e informações técnicas solicitadas.

Embora as investigações do Ministério da Agricultura e Pecuária ainda estejam em curso, foi divulgada nota técnica no sentido de que as análises laboratoriais preliminares indicaram a presença da substância monocrotalina, que é produzida pela própria natureza, por plantas do gênero Crotalaria - uma leguminosa que é muito utilizada em adubação verde -, e que pode estar presente em matérias-primas de origem vegetal utilizadas em diferentes cadeias agroindustriais, tratando-se, pois, de uma fatalidade, caso isso venha a ser confirmado.

Assim, diante da situação excepcional, a Nutratta já adotou medidas adicionais de autocontrole. Entre essas ações estão o reforço das análises laboratoriais, revisão dos protocolos de qualificação de fornecedores e rastreabilidade das matérias-primas vegetais, revisão completa dos processos sanitários internos e reestruturação do layout fabril.

Por fim, a Nutratta destaca que vem adotando todas as providências cabíveis para mitigar os efeitos da situação, incluindo suporte técnico aos clientes, rastreamento dos lotes envolvidos e revisão de seus processos internos. Ressalta-se que não há, até o momento, conclusão definitiva quanto a eventual nexo de causalidade entre os casos relatados e os produtos da empresa, e que a empresa conseguiu uma liminar na Justiça Federal para restabelecer seu funcionamento quanto à atividade de produção e comércio dos produtos não destinados a equinos.

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