Buenos Aires — Em uma decisão histórica, o governo da Argentina anunciou oficialmente sua retirada da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Ministério da Saúde do país justificou a medida alegando que as recomendações da entidade internacional "não se baseiam em evidências científicas, mas sim em interesses políticos e estruturas burocráticas que resistem a revisar seus próprios erros".
O anúncio foi feito nesta segunda-feira (26), durante a visita oficial do Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., à capital argentina. Na ocasião, o ministro da Saúde, Mario Lugones, detalhou uma série de medidas que compõem uma profunda mudança de paradigma no sistema sanitário nacional, com foco na promoção e cuidado da saúde.
Entre as principais ações, o governo destacou a revisão estrutural dos órgãos que integram o sistema de saúde. O objetivo, segundo Lugones, é "ordenar, atualizar e tornar mais transparentes as estruturas e processos que, por anos, operaram com normas obsoletas, funções sobrepostas e pouca supervisão".
O ministro afirmou que muitas dessas estruturas funcionaram "sem a devida rastreabilidade e com fiscalização insuficiente", comprometendo a qualidade dos serviços públicos de saúde. "O sistema deve servir às pessoas, não à burocracia", frisou.
O plano do governo inclui revisar práticas naturalizadas, simplificar processos excessivamente burocratizados e transformar órgãos públicos capturados por interesses alheios ao bem comum. “Não há qualidade sanitária possível se os próprios organismos do Estado não funcionam com transparência, eficiência e foco na saúde do cidadão”, acrescentou Lugones.
O rompimento com a OMS foi apresentado como um passo fundamental na defesa da soberania sanitária do país. Segundo o Ministério da Saúde, a organização tem ampliado competências "que não lhe cabem" e imposto condicionantes aos Estados-membros, restringindo sua autonomia na definição de políticas públicas.
"A OMS, em vez de corrigir o rumo, optou por impor agendas políticas que interferem na soberania dos países", criticou o ministro. O governo argentino defende que a comunidade internacional reavalie o papel dos organismos supranacionais, enfatizando que, por serem financiados coletivamente, devem prestar contas, cumprir seus propósitos originais e evitar transformar-se em instrumentos de imposição política.
Com essas mudanças, a Argentina sinaliza uma guinada na sua política sanitária, substituindo o modelo tradicional, focado na reparação da doença, por um sistema centrado na promoção da saúde e no cuidado preventivo, "com base em evidências científicas", conforme destacou o Ministério.
“O caminho é fortalecer a autonomia nacional, buscar eficiência administrativa e colocar o foco na prevenção e no bem-estar do cidadão”, concluiu Lugones.
A decisão repercute internacionalmente, reacendendo o debate sobre o papel das organizações multilaterais e os limites de sua atuação sobre as políticas internas dos países.
Revista Oeste
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