Um vídeo que viralizou nas redes sociais nesta semana mostra cenas inusitadas e preocupantes durante uma celebração do Dia das Mães no município de Bom Lugar, interior do Maranhão. Nas imagens, um homem aparece usando uma pá para colocar pedaços de bolo em um balde, enquanto dezenas de pessoas tentam, tumultuadamente, garantir uma porção. O alimento foi servido em poucos segundos, gerando críticas e questionamentos sobre a dignidade na condução de eventos públicos.
Em nota oficial, a Prefeitura de Bom Lugar negou qualquer envolvimento com o evento, afirmando que a ação foi promovida de forma independente por uma produtora de vídeos, sem apoio ou participação do poder público municipal. A gestão destacou ainda o compromisso com a transparência e a correta informação da população.
O episódio, no entanto, reacendeu debates sobre a pobreza extrema no Maranhão, estado que lidera o ranking de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família, com mais de 1,2 milhão de famílias atendidas. O dado evidencia a alta dependência da população maranhense de políticas assistenciais e contrasta com estados mais desenvolvidos do país.
Um exemplo oposto pode ser observado em Santa Catarina. De acordo com levantamento recente, o estado do Sul do Brasil possui cerca de 2,8 milhões de domicílios, dos quais apenas 123 mil (4,4%) recebem valores do Bolsa Família, o menor índice nacional de participação no programa. Além do desempenho econômico superior, Santa Catarina também tem se destacado pela educação e organização social.
Em outro vídeo que circula nas redes, um evento público de distribuição de bolo em Santa Catarina mostra uma cena bastante distinta: filas organizadas, ambiente limpo e respeito na hora de servir os convidados. As imagens reforçam o contraste entre duas realidades brasileiras que convivem sob o mesmo país, mas com acessos desiguais à educação, renda e cidadania.
A comparação entre os dois episódios levanta um alerta sobre a urgência de políticas públicas que não apenas assistam, mas promovam a autonomia e a cidadania das populações mais vulneráveis, para que eventos simbólicos como uma festa de Dia das Mães sejam marcados pela celebração, e não pela escassez ou pela indignidade.
VÍDEOS:
Fonte: CNN
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