Investigada por envenenar e matar cinco filhos, Gisele Oliveira, de 40 anos, chegou a Belo Horizonte na última quinta-feira (23). Ela foi extraditada de Portugal, onde estava presa desde agosto
Gisele foi indiciada por cinco homicídios, duas tentativas e mais quatro crimes contra a dignidade sexual. Segundo a Polícia Civil, os crimes teriam sido cometidos entre os anos de 2008 e 2013, quando a suspeita envenenou cinco dos sete filhos biológicos. Também foram indiciados outras três pessoas: dois ex-companheiros e a mãe dela.
“Nós temos homicídio, homicídio tentado, coação no curso do processo, estupro e estupro de vulnerável. São pelo menos 11 vítimas. Todos os inquéritos foram relatados e remetidos à Justiça”, afirmou a delegada Valdimara Teixeira, responsável pela investigação, durante coletiva nesta sexta-feira (24).
A mulher está retida no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte, e segue à disposição da Justiça.
Entenda o caso
De acordo com a polícia, a primeira tentativa de homicídio teria ocorrido em 2008, quando Gisele teria colocado um medicamento usado para piolhos na mamadeira de seu filho mais velho, que sobreviveu após atendimento médico. Já o primeiro homicídio consumado ocorreu dois anos depois. Uma necropsia realizada em um bebê de 10 meses revelou intoxicação por uma alta dose de antidepressivo como causa da morte.
A partir de 2019, duas novas mortes aconteceram em um intervalo de dois meses, mas não foram sequer registradas em boletins de ocorrência. O caso só começou a ser investigado de forma mais profunda em 2023, quando a quinta morte levantou suspeitas no hospital que atendeu a criança. A denúncia que deu início ao inquérito partiu de uma tia das crianças, e não da avó materna, como chegou a ser divulgado. A tia teria ido ao hospital junto com a criança e alertado os profissionais de saúde: “já é a quinta morte na família”. O hospital acionou a polícia, que imediatamente abriu investigação.
A partir daí, a polícia conectou todas as mortes anteriores e solicitou a prisão preventiva da suspeita, que já havia sido ouvida no inquérito sobre as mortes de 2010. Após ser intimada para depor, Gisele fugiu e foi localizada apenas agora, em Portugal, onde foi presa na última terça-feira (6).
A delegada Valdimara destacou que a mãe não era a cuidadora principal das crianças e que os familiares relataram mudanças no comportamento dos filhos após passarem períodos com ela. “Todas as crianças eram saudáveis. Os familiares relatam que as crianças passavam um tempo na casa dela e, quando voltavam, estavam diferentes. Há vídeos que mostram as crianças prostradas”, disse.
O filho mais velho, vítima da tentativa de envenenamento em 2008, prestou depoimento e teve papel crucial na investigação. Ele contou que, mesmo depois, a mãe continuava tentando medicá-lo, mas ele passou a cuspir os remédios. Em outro episódio, ela teria tentado convencer outra criança a assumir a culpa pelo remédio na mamadeira.
A mulher também é suspeita de tentar matar o próprio marido em 2022. Ele foi internado com sintomas de intoxicação, mas se recuperou.
Em entrevista ao jornal português Correio da Manhã, uma das irmãs de Gisele, Kiara Ayala, afirmou que acredita na possível participação de terceiros nas mortes. “Graças a Deus, conseguimos o primeiro passo: uma justiça pelos meninos que morreram há 10 e 15 anos. Tivemos que conviver com a dúvida por muitos anos, angústias e medos”, declarou.
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