Em meio às ruas percorridas incansavelmente por quilômetros diariamente, os profissionais da limpeza pública de Caxias enfrentam desafios que vão além do que os olhos podem ver. Na sombra da falta de estímulo e valorização, a triste realidade dos garis é marcada por acidentes, lesões e uma luta silenciosa por dignidade.
Antônio Márcio Gomes da Costa, de 41 anos que dedicou sete deles de sua vida como gari em Caxias, é um triste exemplo dessa realidade. Após três quedas de caçamba durante seu turno de trabalho, ele enfrenta hoje problemas cardíacos, hérnia de disco na coluna e complicações renais. Sem receber salário ou benefícios, vive de doações e enfrenta privações ao lado de sua família, enquanto a prefeitura permanece omissa em oferecer a assistência devida.
A falta de conscientização da população agrava ainda mais a situação. Cinco garis enfrentam cortes profundos mensalmente devido a resíduos mal-acondicionados. Objetos cortantes como cacos de vidro, lâminas, espelhos quebrados, latas afiadas e até seringas usadas representam um perigo constante.
Apesar da obrigação de fornecer Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como luvas, calçados e vestimentas, a realidade é que esses itens muitas vezes não garantem a segurança necessária, especialmente diante de objetos perfurantes. O tempo de serviço desses heróis invisíveis é reduzido devido aos riscos inerentes à profissão, mas o município de Caxias, além de não proporcionar condições adequadas de trabalho, falha em repassar as contribuições e direitos devidos como o tempo de aposentadoria.
O cheiro forte de dejetos se torna uma marca permanente na vida desses trabalhadores, que, apesar do preconceito e das brincadeiras, seguem enfrentando suas jornadas com resiliência. É hora de dar voz a esses heróis esquecidos, exigir justiça e sensibilizar a sociedade para a realidade dramática que envolve o trabalho dos garis de Caxias.
A pergunta que não quer calar: onde está a câmara de vereadores que não tem feito o seu papel fiscalizador diante dessa situação? Deveria buscar informações sobre as condições de trabalho dos garis, prestadores de serviços tão importantes para nossa cidade. Nunca uma câmara foi tão omissa diante das irregularidades cometidas pelo executivo. Os vereadores parecem continuar na subserviência ao prefeito, preocupados apenas com seus próprios interesses e sem empatia pelo próximo. O pior é que esses mesmos vereadores tentam ludibriar com atividades que não têm relação com o verdadeiro papel do legislativo.
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