terça-feira, 7 de julho de 2020

CANAIS PODEM AJUDAR MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA


Ogoverno federal disponibilizou mais um canal de ajuda para as mulheres em situação de violência. Em tempos de isolamento social, provocado pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o serviço disponível no Telegram surge como uma alternativa para as mulheres que por força das medidas de isolamento passaram a ficar 24h dentro de casa ainda mais expostas à situação de violência. Basta uma mensagem instantânea e é feito o registro da denúncia.

Funciona assim: as vítimas de violência contra a mulher podem pedir ajuda, de qualquer lugar, pelo aplicativo de celular. Basta acessar o aplicativo e digitar na busca “Direitoshumanosbrasilbot”. A indicação “bot” é uma regra do Telegram para a criação de contas de serviço.

Após receber uma mensagem automática, o atendimento será realizado por uma pessoa da equipe da central única da Ouvidoria Nacional dos Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), responsável pelo Ligue 180.

A denúncia recebida é analisada e encaminhada aos órgãos de proteção, defesa e responsabilização em direitos humanos. Além da mensagem pelo Telegram, as mulheres em situação de violência têm outros três canais para fazer denúncias: o telefônico (Ligue 180), o aplicativo Direitos Humanos Brasil e o site da Ouvidoria/ONDH.

No Maranhão
Vinte e oito casos de feminicídios foram registrados no Maranhão este ano, numa média de cinco crimes por mês. No ano passado, 102 mulheres foram assassinadas em todo o estado, desses casos 52 foram feminicídios. De acordo com os dados do Departamento de Feminícidio, órgão ligado à Superintendência de Homicídio e Proteção a Pessoas do Estado do Maranhão (SHPP-MA), os números começaram a crescer em março deste ano, o início da pandemia, quando seis mulheres foram assassinadas em 15 dias. Em abril foram mais oito.

No ano passado o Maranhão registrou 52 casos de feminicídio, de acordo com dados do Departamento de Feminicídio da Polícia Civil. Em 2018 foram 46, e em 2017, 51 casos. De acordo com uma análise criminológica da Polícia Civil, dos casos ocorridos em 2018, foi constatado que 57% dos crimes aconteceram dentro da casa da vítima, 84% foram cometidos por parceiros ou ex-parceiros (o chamado feminicídio íntimo) e 50% dos crimes foram cometidos por arma branca.

O período de confinamento intensificou a convivência familiar, e com ela, surgiu a instabilidade emocional, a insegurança. Somado a isso, mulheres que já passam por um ciclo de violência com seus companheiros, maridos, namorados, se viram “presas” a eles. “Casa, portanto, para muitas mulheres não é sinônimo de proteção, mas de violência. O Brasil em isolamento social, a população em quarentena, presas em suas casas, tornam-se presas dos seus conhecidos.  Nesse momento, o lar se constitui enquanto paradoxo de existência para algumas, se na rua pode morrer de corona, em casa morre por existir”, opina a Doutoranda em Ciências Sociais (UFMA) e Professora do Centro Universitário Estácio São Luís, Maynara Costa de Oliveira Silva.

Casa, portanto, para muitas mulheres não é sinônimo de proteção, mas de violência. O Brasil em isolamento social, a população em quarentena, presas em suas casas, tornam-se presas dos seus conhecidos

Em briga de marido e mulher…
Se mete a colher sim! O Maranhão é um dos 10 estados brasileiros que aderiu à campanha “Alô vizinho!”, que funciona como um alerta para o enfrentamento da violência doméstica contra mulheres em condomínios.

A campanha, iniciada em abril, que ganhou a adesão dos demais estados posteriormente, busca envolver toda a vizinhança na batalha contra a violência doméstica, principalmente no período de pandemia da covid-19. O destaque é para o número do Ligue 180, o aplicativo Direitos Humanos Brasil e o endereço do portal da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH).

Para a Diretora da Casa da Mulher Brasileira, Susan Lucena, a questão da violência não está no fato do isolamento em si, mas qualquer mulher que se sinta violada deve procurar os canais de atendimento como o disque denúncia pelo número (98) 3223-5800, ou ainda os canais convencionais 180 ou 190. “A gente tem visto muita sororidade, pessoas que se ajudam, que oferecem ajuda para o outro, e assim também deve ser no caso de violência doméstica. Qualquer pessoa pode denunciar. Porque o que está acontecendo é que a vítima está enclausurada, então é importante que os vizinhos reportem o que esteja acontecendo. A gente precisa fortalecer a questão da denúncia”, disse Susan Lucena.

O Ligue 180 é um serviço de utilidade pública oferecido pela ONDH. Por meio da central telefônica, é possível registrar denúncias e obter informações sobre os direitos das mulheres. O anonimato é garantido. O serviço funciona 24 horas, todos os dias, inclusive aos finais de semanas e feriados. As ligações podem ser feitas de qualquer lugar do Brasil e também do exterior.

Qualquer pessoa pode denunciar. Porque o que está acontecendo é que a vítima está enclausurada

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