terça-feira, 21 de julho de 2020

EM NOTA, ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA AFIRMA QUE RESPEITA A AUTONOMIA DO MÉDICO QUANTO AO USO DE HIDROXICLOROQUINA

A Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou no último domingo (19/7) uma nota na qual defende a autonomia dos médicos para prescrever drogas contra a Covid-19, incluindo a hidroxicloroquina. O comunicado foi tuítado pelo presidente Jair Bolsonaro, na manhã desta segunda-feira (20/7).
O posicionamento da AMB seria uma resposta a um pronunciamento da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que na última sexta-feira defendeu o abandono imediato da hidroxicloroquina no tratamento dos pacientes com coronavírus.
“Os holofotes da sociedade voltados para a pandemia, e em especial para a classe médica, por vezes acabam alimentando vaidades e ofuscando a percepção sobre a tênue fronteira entre o campo técnico-científico e o campo político/ideológico/partidário”, diz a nota.
Quando, em 22 de maio, a revista The Lancet divulgou resultados de uma pesquisa que comprovaria a aparente ausência de efeitos da hidroxicloroquina no combate à Covid-19, causou espanto a reação de algumas pessoas e entidades: estavam comemorando. Dias depois, a The Lancet veio a público para se desculpar e informar que iria “despublicar” o estudo, a pedido dos autores. As “certezas” caíram por terra e o alarmismo contra o uso do fármaco silenciaram diante da perplexidade do caso. “Ficava claro ali que a discussão havia sido politizada”, afirmou a nota sobre essa divulgação de resultados.
O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Hélio Angotti, afirmou durante coletiva na sexta-feira (17/7) que existe “polarização” em torno do uso da hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus. Há “inconsistências” nas críticas direcionadas ao uso do medicamento, afirma o secretário. Ele também pediu respeito a escolha do tratamento feita pelo médico, bem como a escolha do paciente sobre qual tratamento fazer.
“Há uma série de inconsistências nessas críticas e a gente lamenta essa polarização. Vamos respeitar a competência dos nossos profissionais de saúde, o direito deles de prescrever, o direito do paciente buscar o tratamento que melhor entende ser correto”, disse o secretário.
Angotti afirmou que as críticas direcionadas ao uso de medicamentos podem ser feitas por uma leitura incorreta dos resultados das pesquisas. “E as pessoas precisam aprender a ler ciência. Há evidências contrárias a essa e outras drogas. Mas são pacientes que podem estar na fase leve, na fase inicial. Esses artigos têm se posicionado contra o uso da droga, mas muitas vezes em pacientes em fase tardia”.
Durante a coletiva, jornalistas questionaram os representantes da pasta a respeito de uma nota assinada pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) que recomendou a suspensão do uso da hidroxicloroquina nos tratamentos de covid-19.
“O ministério vai continuar acompanhando as evidências. Da nossa parte não há problema em mudar a orientação. Precisamos ir aos fatos, olhar as evidências em termos de ciência, entender que a doença tem várias fases, os pacientes têm vários momentos da doença e que cada pesquisa aborda uma fase diferente”, aifrmou Hélio Angotti.
A AMB ainda ressalta que “é importante lembrar que o uso off label [quando o remédio é utilizado para uma indicação diferente daquela que foi autorizada pelo órgão regulatório] de medicamentos é consagrado na medicina, desde que haja clara concordância do paciente. E que, sem a prática do off label , diversas doenças ainda estariam sem tratamento. Não se trata de apologia a este ou àquele fármaco. Trata-se de respeito aos padrões éticos e científicos construídos ao longo dos séculos”.
“Não podemos permitir que ideologias e vaidades, de forma intempestiva, alimentadas pelos holofotes, nos façam regredir em práticas já tão respeitadas. Não se pode clamar por ciência e adotar posicionamentos embasados em ideologia ou partidarismo, ignorando práticas consolidadas na medicina. Isso é um crime contra a medicina, contra os pacientes e, sobretudo, contra a própria ciência”, finaliza a AMB em sua nota.

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