segunda-feira, 7 de abril de 2025

RASTEIRA NA INCLUSÃO: CRIANÇA AUTISTA É AGREDIDA POR PROFESSOR EM ESCOLA DO RIO (VEJA VÍDEO)

Fonte: g1RJ

Uma denúncia de agressão contra uma criança autista de 11 anos, durante uma aula de capoeira, expôs graves falhas no acolhimento e no tratamento de alunos com necessidades especiais em uma escola da rede particular do Rio de Janeiro. O caso aconteceu em setembro do ano passado no Centro Educacional Meirelles Macedo, em Guaratiba, na Zona Oeste da cidade, mas só veio à tona meses depois, quando a mãe da criança, Joyce Siqueira, teve acesso às imagens da violência.

Segundo Joyce, o filho Guilherme enfrentava dificuldades para realizar um exercício proposto pelo professor de capoeira, Vitor Barbosa. Ao tentar pegar uma bola com duas colegas, foi rejeitado, o que o levou a chutar o objeto. A atitude provocou uma reação agressiva de uma das alunas, que o agrediu com um tapa na cabeça. A confusão que se seguiu culminou numa atitude ainda mais grave: o professor teria dado uma rasteira em Guilherme, jogando-o no chão, imobilizando-o pelo pescoço e fazendo ameaças.

Apesar do episódio, a escola puniu a criança com uma suspensão de dois dias, alegando desrespeito ao professor e agressões a colegas. “Eu cheguei lá para conversar, para entender o que tinha acontecido e eu saí de lá sem uma resposta”, conta a mãe. “Eu só queria ouvir: ‘Ele não foi agredido’ ou ‘foi, mas tomamos as medidas’. A minha vontade é que ele não colocasse mais os pés dele nessa escola.”

Somente seis meses depois, em uma audiência judicial realizada em março deste ano, Joyce teve acesso às imagens da aula. “Eu olhei para o professor, quando saí do fórum, e falei: ‘Eu vi o que você fez com o meu filho’. Meu braço formigou, meu rosto tremeu, e eu fui parar no hospital”, relata emocionada.

A defesa do professor Vitor Barbosa alegou que a ação foi uma técnica de imobilização, com o objetivo de conter uma possível agressão do aluno. A escola, por sua vez, afirmou em nota que tomou as medidas cabíveis e que o professor não faz mais parte do quadro de funcionários.

Sem conseguir se readaptar a uma nova instituição, Guilherme passou a estudar em casa. “Ele passou a ter muitas desregulações. Batia na cabeça, batia a cabeça na parede. Coisas que nunca tinham acontecido, começaram a acontecer. Fiquei muito mal”, diz Joyce.

O doutor em educação Lucelmo Lacerda alerta para as consequências profundas da violência escolar em crianças autistas: “Você pode aumentar a probabilidade de depressão, ansiedade, queda no desempenho acadêmico. A escola precisa estar preparada, do porteiro à direção. Todos os espaços são educacionais. A escola é lugar para crianças autistas, não há a menor dúvida”.

Em contraste com a violência sofrida por Guilherme, a Escola Municipal Rubens Berardo, no Complexo do Alemão, tornou-se um refúgio para mães e filhos autistas. Rafaela, mãe da pequena Maria, e Viviane, mãe dos gêmeos Rafael e Heitor, encontraram na instituição o acolhimento que tanto buscavam.

“O autismo dói pra gente todo dia. E quando não tem acolhimento, piora. Aqui ela está sendo amada e acolhida”, afirma Rafaela. A escola garante o direito ao acompanhante em sala de aula e oferece planos de ensino individualizados, respeitando o tempo e as necessidades de cada aluno.

Enquanto algumas instituições mostram que é possível praticar a inclusão com empatia e estrutura, casos como o de Guilherme escancaram o despreparo e a violência que ainda marcam a trajetória de muitas crianças autistas no Brasil.

VÍDEO:


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