Por Bernardo Melo
O Maranhão, único estado do Nordeste onde o Partido Liberal (PL) liderou o ranking de prefeituras nas eleições municipais de 2024, tornou-se o epicentro de uma crise interna. O embate opõe o deputado federal Josimar Maranhãozinho, líder do PL no estado, ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mesmo após o partido eleger 40 prefeitos no estado.
A tensão aumentou após Bolsonaro criticar publicamente Josimar, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em setembro por suposto envolvimento em desvios de emendas parlamentares. Em entrevistas recentes, Bolsonaro defendeu a expulsão de Josimar e do deputado Pastor Gil (PL-MA), também investigado no caso. Segundo o ex-presidente, a permanência de ambos mancha a imagem do partido:
— O Maranhão não vai ficar como está. Não tem clima do nosso pessoal permanecer no partido que passa a mão na cabeça de marginais.
Josimar é acusado de direcionar, nos últimos dois anos, R$ 21,1 milhões em “emendas Pix” para 15 municípios do Maranhão. Desses, quase R$ 9 milhões foram destinados a cidades controladas por parentes ou ex-funcionários do deputado, como Zé Doca, Maranhãozinho e Centro do Guilherme.
Apesar das acusações, Josimar rebateu as críticas e afirmou confiar no apoio do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto:
— Zero chance de Valdemar abrir mão da nossa liderança no estado.
A crise ganhou novos contornos com a destituição de Detinha, esposa de Josimar e deputada federal, do comando do PL Mulher no Maranhão. A decisão, apoiada por Bolsonaro, foi oficializada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que nomeou a vereadora Flávia Berthier, de São Luís, como nova dirigente da ala feminina do partido.
A substituição gerou forte reação de aliados de Josimar. Prefeitos ligados ao grupo do deputado criticaram a decisão. José Auricélio (PL), prefeito eleito de Centro do Guilherme, classificou a troca como “inaceitável”. Já a prefeita reeleita de Maranhãozinho, Deusinha, irmã de Detinha, lamentou a demissão, chamando a ex-líder de “fundamental para o PL Mulher”.
O atrito com Bolsonaro gerou temores na cúpula do PL de uma possível desfiliação em massa dos prefeitos eleitos no estado, muitos próximos a Josimar. Prefeitos como Pedro Medeiros, de Afonso Cunha, e Ducilene Belezinha, de Chapadinha, já sinalizaram lealdade ao casal de deputados, sugerindo uma possível migração partidária caso Josimar deixe o PL.
Para acalmar os ânimos, aliados sugerem a candidatura de Detinha ao Senado em 2026. O atual presidente do diretório estadual do PL, Hélio Soares, elogiou a atuação de Detinha e endossou a ideia:
" No PL Mulher, seu trabalho foi gigante. Hoje temos a melhor opção para o Senado no Maranhão, estaremos bem representados a nível de senado", escreveu Soares em uma rede social.
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