sábado, 30 de agosto de 2025

CAXIAS SE DESPEDE DE RAIMUNDO RESSURREIÇÃO, VOZ DA CULTURA E DA EDUCAÇÃO

TEXTO: EDMILSON SANCHES

Se há corais nos céus, um deles acaba de ganhar uma grande voz. Na noite desta sexta-feira, 29 de agosto de 2025, a cidade de Caxias recebeu a triste notícia da partida de Raimundo Nonato Ressurreição, professor, escritor, historiador musical e cantor que marcou gerações. Ele tinha 74 anos, 5 meses e 4 dias.

Nos últimos dias, Raimundo lutava pela vida em um hospital da cidade. Quando precisou de doação de sangue, amigos e admiradores rapidamente atenderam ao chamado — um gesto de solidariedade que reflete o carinho que ele cultivou em todos os que conviveram com sua bondade e alegria.

Infelizmente, a batalha terminou. Sua filha, Érika, escreveu em mensagem de despedida:
“Quero agradecer a todos que oraram pela recuperação dele. Infelizmente, nosso guerreiro não resistiu. Peço orações para que ele descanse em paz junto a nosso Senhor.”

Um homem de muitos talentos

Raimundo Ressurreição era conhecido pelo jeito tranquilo, bem-humorado e sempre disposto a partilhar conhecimento. Foi professor de inglês em escolas de Caxias e também atuou como servidor público, destacando-se no Programa de Informática do Maranhão (Proinfo), onde coordenou o Núcleo Tecnológico de Caxias nos anos 2000.

Na década de 1980, esteve à frente da Associação dos Professores do Estado do Maranhão (APEMA), que deu origem ao Sinproesemma, sindicato que representa trabalhadores da educação básica no estado.

Mas foi na música que sua voz ganhou reconhecimento especial. Ele começou como vocalista da banda “Os Temíveis”, em 1968, e mais tarde integrou o Grupo Som HR, ativo até 1989. Foi também um dos criadores do Canta Folia, evento que já ultrapassa 18 edições e segue sendo um marco cultural da cidade.

Obras literárias

Além da trajetória como músico e educador, Raimundo dedicou-se à pesquisa e à escrita. Deixou inéditos dois livros:

 “A Música na Cidade de Caxias”, um mergulho na história musical da Princesa do Sertão, ampliando trabalho já publicado no livro coletivo “Cartografias Invisíveis – Saberes e Sentires de Caxias” (2015).
 “Redenção”, romance que mistura ficção e referências autobiográficas, revelando seu lado de romancista.

Ambas as obras foram preparadas em parceria com o escritor Edmilson Sanches, que revisou, orientou e aguardava junto ao autor o momento da publicação.

Memórias e despedida

Quem conviveu com Ressurreição lembra de encontros no bar do Excelsior Hotel, onde conversava sobre música, história e cultura local. Nas redes sociais, amigos compartilharam links de músicas que ele amava, como “Have You Ever Seen the Rain?”, do Creedence Clearwater Revival — canção que traduz bem a sensibilidade de quem sabia enxergar beleza até nas contradições da vida.

Professor, cantor, pesquisador, romancista, sindicalista, gestor público: Raimundo Ressurreição foi tudo isso e muito mais. Agora, sua voz se cala por aqui, mas ecoa como memória e legado.

Como escreveu o amigo Edmilson Sanches:
“Ressurreição, a partir de agora, deixa de ser sobrenome e torna-se realidade supra-humana para aqueles que, como Raimundo Nonato, mudaram de Vida, mas continuam, na Eternidade, torcendo, zelando, orando pelos Familiares e Amigos que ainda resistem neste lado de cá da Existência.”

Paz, luz… e Ressurreição.

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